quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ronildo Maia Leite

Foi uma grata surpresa para o Literato ver que uma citação de Manoel Afonso de Mello abriu, e outra fechou, um texto em homenagem ao jornalista Ronildo Maia Leite, publicado no Jornal do Commercio, na terça-feira 07 de julho de 2009.
Ronildo foi, sim, um homem que virou poema. E, de boina azul e com muita simplicidade, ajudou a jornalista que posta este texto em seu trabalho de graduação, como sempre foi seu costume ajudar os mais novos.
Descanse em paz e conte suas histórias no céu, Ronildo! :-)


"Parentes e amigos se despedem de jornalista
Publicado em 07.07.2009, Jornal do Commercio.
Natural de Garanhuns, Ronildo Maia Leite morreu no domingo, aos 78 anos, vítima de infecção respiratória e foi enterrado no fim da manhã de ontem, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista

“Um homem não é o que tem ou o que pode. É um pouco o que vive e, acima de tudo, o que faz aos outros.” A frase do historiador, poeta e filósofo Manoel Affonso de Mello resume muito do que foi dito a respeito do jornalis ta Ronildo Maia Leite, falecido no último domingo, aos 78 anos, vítima de infecção respiratória, e enterrado ontem, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Grande Recife.
Natural da cidade de Garanhuns, no Agreste pernambucano, Ronildo Maia Leite era considerado um dos “monstros sagrados” do jornalismo. Começou cedo, aos 14 anos, ainda em Garanhuns. Tinha tanto gosto pela atividade – contou em uma entrevista – que quando foi impedido de exercê-la, pelo regime militar, em 1964, tinha infartos diários, sempre às 20h, horário de fechamento do jornal.
Durante mais de 60 anos de carreira, atuou em quase todos os jornais de Pernambuco, incluindo o Jornal do Commercio, foi chefe da sucursal O Globo no Recife, e venceu quatro Prêmios Esso de Jornalismo. Tanta dedicação inspirou o caçula dos oito filhos, Augusto Leite, 23, repórter da Folha de Pernambuco, e uma das netas, repórter do JC, Cinthya Leite, 28.
O jornalista Abdias Moura, editorialista do JC, ressaltou a capacidade de observação e o estilo particular de Ronildo escrever. “Era um grande observador, ia em busca da informação, coisa que está se acabando hoje em dia. Tinha um texto poético”, comentou Abdias. Eles trabalharam juntos no extinto Correio do Povo, jornal da década de 60. Também era lembrado pelos títulos inspirados que dava às reportagens, como “Um branco que fuzilou a paz”, sobre o assassinato do líder negro americano Martin Luther King.
“Ronildo deixa um legado de conhecimento profundo, uma referência do jornalismo. Ele deixa seu nome entre os dos maiores jornalistas pernambucanos dos últimos cem anos”, disse o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, Ayrton Maciel.
Desde 2006, vivia as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC). Ronildo Maia Leite foi enterrado usando boina azul, acessório considerado sua marca registrada. Sob chuva fina, dezenas de familiares, amigos, admiradores e ex-colegas de profissão prestaram suas homenagens. “Nossa família é grande, mas ele a construiu unida. Ele deixou sua marca, fez história”, disse o filho Iuri Leite, 46.
Em um poema, certa vez, Ronildo escreveu sobre sua cidade natal: “O Céu existe entre sete colinas e Garanhuns é de lá (...) Pelo visto e pelo contado, essa terra é esse Céu”. O bom filho retornou à casa. E, para resumir o que o avô representa para a família, para os amigos e para o jornalismo de Pernambuco, a neta Cinthya Leite citou o poeta do começo deste texto: “Grandes impérios viram pó, grandes homens, poemas”."